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Previsão de Precipitação Para os Meses de Setembro, Outubro e Novembro de 2024

Por Raquel Lima

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Este texto é uma análise dos mapas de previsão de precipitação total e de anomalias previstas de precipitação gerados pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) para os meses de setembro, outubro e novembro de 2024, que são os meses utilizados para caracterizar a primavera. Os mapas foram gerados no mês de agosto de 2024, e o Instituto realiza estas previsões mensalmente.

 

Foram analisadas as previsões para o trimestre, e para cada mês separadamente; desta forma, temos a característica geral da precipitação e suas anomalias previstas para a primavera de 2024 e como elas se comportam ao longo dos meses.

 

É importante ratificar que chamamos de “anomalias” são a diferença entre o valor da variável e o valor médio histórico desta variável; assim, as anomalias de precipitação e de temperatura aqui apresentados são os valores previstos subtraídos da normal climatológica.

Também é importante lembrar que normal climatológica, conforme definição da OMM (Organização Meteorológica Mundial) é o valor médio calculado para um período relativamente longo e uniforme, compreendendo no mínimo três décadas consecutivas.

 

Os mapas utilizados nesta análise estão acessíveis no site da instituição (https://portal.inmet.gov.br/).

 

Trimestre setembro, outubro e novembro de 2024

 

Observamos no mapa de precipitação total prevista para o trimestre setembro/outubro/novembro de 2024 (figura a) que o máximo de precipitação acumulada prevista é de até 700 mm de chuva, o que representa uma média de 7,7 mm de chuva por dia.

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Mapas de distribuição de precipitação prevista e anomalia de precipitação prevista concebidos em agosto, para o trimestre setembro/outubro/novembro de 2024.

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Percebemos, ainda, que a maior parte do Brasil tem previsão de menos de 400 mm nos meses em questão, o que representa em torno de 4,4 mm de chuva por dia. (Lembrando que 1 mm de chuva equivale a 1 litro de água de chuva sobre uma área de metro quadrado.)

 

Conforme o mapa, observamos que o norte da região nordeste e o extremo nordeste da região norte são as áreas com menos chuva prevista, com menos de 200 mm de chuva para os 3 meses (2,2 mm por dia, em média). Em oposição, as áreas com maior previsão de chuva são a região sul do país, com até 700 mm e o centro e sudoeste da Amazônia Legal, com precipitação acumulada prevista em 3 meses de até 600 mm.

 

Na maior parte da região sudeste e grande parte do centro-oeste a precipitação prevista para setembro, outubro e novembro de 2024 é de 200 a 400 milímetros (em média, de 2,2 mm a 4,4 mm de chuva por dia).

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Analisando o mapa de anomalia de precipitação (chuva prevista subtraída da normal climatológica) prevista para os meses de setembro, outubro e novembro de 2024, observamos que a maior parte do país terá precipitação abaixo da média. Ressalta-se o extremo sudeste do Pará e o oeste do Tocantins, com déficit de precipitação de até 200 mm de chuva.

Observamos também, que as maiores anomalias positivas de precipitação (precipitação prevista maior que a média) são previstas para a região sul do Brasil, podendo chegar a até 200 mm a mais que a média na porção centro-oeste do Rio Grande do Sul.

 

É possível notar ainda, que grande parte da região nordeste do país tem previsão de precipitação próxima a média, indicando condição de normalidade, enquanto a maior parte das regiões sudeste e centro-oeste têm precipitação prevista abaixo da média.

Setembro de 2024

 

Ao analisarmos o mapa de distribuição de precipitação total prevista para o mês de setembro de 2024, observamos que o máximo previsto é de 260 mm de chuva no norte do Rio Grande do Sul e extremo noroeste do Amazonas, correspondendo a uma média de 8,7 mm de chuva por dia. Porém, a maior parte do país tem previsão de precipitação abaixo de 100 mm por dia (média de 3,3 mm de chuva por dia), com destaque para o interior da região nordeste e norte do estado de Minas Gerais, com precipitação prevista de menos de 20 mm (0,7 mm de chuva, em média, por dia).

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Mapas de distribuição de precipitação prevista e anomalia de precipitação prevista concebidos em agosto, para o mês de setembro de 2024.

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Avaliando o mapa de anomalia de precipitação para o mesmo mês, observamos que a área com previsão de menor total de chuva prevista é uma área de normalidade (precipitação prevista igual ou próxima à normal climatológica). Observamos previsão de condição próxima à normalidade também na maior parte dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

A maior parte do Brasil, especialmente as regiões norte, centro-oeste e sudeste, tem previsão de precipitação de até 50 mm menos que a normal climatológica, com especial atenção para o sul do Pará, onde o déficit de precipitação pode chegar a até 75 mm.

 

As áreas com previsão de anomalia positiva de precipitação (chuva prevista acima da média histórica) são a região sul, o norte da região norte, o oeste do estado de são Paulo, sudeste do estado do Amazonas e nordeste do estado do Rio Grande do Norte, com até 50 mm de chuva acima da média.

 

Esta distribuição de precipitação está associada à persistência dos padrões de circulação atmosférica de grande escala que predominaram no inverno, inibindo a ocorrência de chuvas no interior do país e dificultando o deslocamento das frentes frias sobre os estados do sudeste.

Outubro de 2024

 

Para o mês de outubro de 2024, é prevista precipitação total de até 300 mm (média de 9,7 mm por dia); porém a maior parte do país tem previsão de 160 mm (5,2 mm por dia em média), conforme a figura e, que é o mapa de distribuição de precipitação total.

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Mapas de distribuição de precipitação prevista e anomalia de precipitação prevista concebidos em agosto, para o mês de outubro de 2024.

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É possível observar que as áreas onde os acumulados de precipitação são maiores são a região sul do Brasil (em especial o norte e noroeste do estado do Rio Grande do Sul, o oeste de Santa Catarina e o Sudoeste do Paraná), em associação com a atuação de sistemas frontais, e o oeste do Amazonas, o norte de Rondônia e o oeste do Acre, devido a instabilidade local, indicando o fim da estiagem na região. Nessas áreas, a precipitação total prevista é superior a 160 mm.

 

No norte da região norte e quase totalidade da região nordeste, a precipitação total prevista é de até 80 mm (média de 2,6 mm de chuva por dia), enquanto a maior parte das regiões centro-oeste e sudeste têm previsão de precipitação total entre 80 mm e 160 mm (2,6 a 5,2 mm por dia, em média), sendo as áreas com previsão de menos chuva o norte de Minas Gerais, o centro-norte do Espírito Santo e o sudoeste do Mato Grosso.

 

Analisando o mapa de distribuição das anomalias de precipitação previstas para o mês de outubro de 2024, observamos que as regiões com previsão de menos chuva são regiões com precipitação próxima à normalidade.

 

Nota-se que as regiões centro-oeste e sudeste têm predominância de anomalias negativas entre 10mm e 50 mm (10 a 50 milímetros menos que a normal climatológica), enquanto no sul do estado de São Paulo, sudeste do estado do Mato Grosso do Sul e quase totalidade da região sul têm previsão de anomalia positiva de até 75 mm de chuva.

 

De acordo com as análises acima podemos concluir que, para o mês em questão, os padrões de circulação predominantes até o mês de setembro finalmente enfraquecem, indicando o início do fim da estiagem na região norte e o enfraquecimento dos bloqueios atmosféricos sobre a região central do país, permitindo o avanço das frentes frias sobre o sul das regiões sudeste e centro-oeste.

Novembro de 2024

 

Observando o mapa de precipitação total prevista para novembro de 2024, notamos o país “atravessado” por uma área de precipitação de 160 mm (média de 5,3 mm de chuva por dia) a 260 mm (média de 8,7 mm por dia), que cobre os estados do Amazonas, Acre, Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Sul do estado do Pará, centro do Mato Grosso do Sul, norte do Rio de Janeiro e Vale do Paraíba, no estado de São Paulo.

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Mapas de distribuição de precipitação prevista e anomalia de precipitação prevista concebidos em agosto, para o mês de novembro de 2024.

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A sul desta área, que compreende os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e a maior parte do estado do Rio Grande do Sul, é prevista chuva entre 100 mm e 160 mm, com o acumulado mínimo previsto de 80 mm (média de 2,7 mm de chuva por dia) no extremo sul do Rio Grande do Sul. A norte e nordeste da área de precipitação mais significativa, compreendendo os estados de Roraima, Amapá, centro-norte do Pará e todos os estados da região nordeste, tem previsão de precipitação total de até 80 mm (média de 2,7 mm por dia), com especial atenção ao extremo norte de Roraima, quase totalidade do Amapá, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas, e grande parte do Pernambuco, com total previsto de até 40 mm (média de 1,3 mm de chuva por dia).

 

O alinhamento das áreas de precipitação mais intensa sobre o sul da região norte, centro da região centro-oeste e centro e norte da região sudeste podem indicar a configuração das Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).

 

Analisando o mapa de anomalia de precipitação prevista para novembro de 2024, observamos que, para a maior parte do país, é prevista anomalia positiva de precipitação de 50 mm, o que significa que há previsão de 50 mm de chuva a mais do que a média.

 

Salienta-se que as maiores áreas de anomalias negativas estão nas regiões nordeste e centro-oeste, enquanto as áreas de anomalias positivas são também as áreas onde os totais de chuva são mais elevados; ou seja, além de nessas áreas terem previsão de chover mais que o restante do país, há previsão destas chuvas serem acima da média.

 

Conclusão

 

Conforme as análises dos campos de precipitação e anomalia de precipitação para o trimestre de setembro, outubro e novembro de 2024, a tendência geral é de precipitação ainda abaixo da média na maior parte do país.

 

No mês de setembro, é prevista a permanência de condições semelhantes às do inverno de 2024, com pouca precipitação na maior parte do país. No mês de outubro, inicia-se um aumento significativo da quantidade de chuva prevista, especialmente nas regiões centro-oeste e sudeste, e no mês de novembro é prevista uma distribuição de precipitação condizente com o fim dos bloqueios atmosféricos sobre a região sudeste e eventual configuração de ZCAS.

 

Agradeço ao INMET pela disponibilização dos mapas e gráficos utilizados nesta análise.

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